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NOTÁVEIS - João José Bigarella

Em Curitiba, no dia 23 de setembro de 1923, nasceu João José Bigarella, filho de José João Bigarella e Ottilia Schaffer Bigarella. Desde o ensino básico, realizado no Colégio Divina Providência e no Instituto Santa Maria dos Irmãos Maristas durante a década de 1930, o futuro geólogo destacava-se no estudo de ciências. Logo em seguida, ingressou no curso de Pré-Engenharia da Academia Paranaense, transcorrido entre 1940 e 1941. Prestou, então, prova para entrar na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (instituição que, posteriormente, integraria a Universidade do Paraná), onde se formou em Ciências Químicas no ano de 1943. Já em 1945, graduou-se em Química Industrial pelo Instituto de Química do Paraná. Obteve ainda, no ano de 1953, o título de engenheiro químico. Por fim, em 1956, tornou-se doutor em Ciências Físicas e Químicas, distinções outorgadas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Bigarella adquiriu o gosto pela pesquisa, segundo ele próprio, em decorrência de sua passagem, como voluntário, pelo Museu Paranaense, ocorrida em 1944. No mesmo ano, em agosto, iniciou seu estágio no Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas (IBPT). Neste centro da investigação científica, foi orientado pelo naturalista Reinhard Maack, do qual herdou o interesse pela teoria da deriva continental, proposta pelo alemão Alfred Wegener. Uma das ambições fundamentais de sua carreira acadêmica foi, justamente, comprovar a validade dessa hipótese, que, até então, não era amplamente aceita pelos cientistas. Para concretizar esse objetivo, ele viajou pelos continentes, atravessando países americanos, africanos, asiáticos e oceânicos. Entre esse e outros assuntos, publicou mais de 200 artigos e um número considerável de livros. Um de seus maiores colaboradores foi o ex-reitor da UFPR, Riad Salamuni, com quem elaborou, em 1963, a Carta Geológica do Paraná. Além disso, foi o inventor do estereohelioplanímetro, também conhecido como “bigarelômetro”, um instrumento de medição das propriedades das paleocorrentes. De resto, Bigarella foi um protetor ativo do meio-ambiente, tendo criado, juntamente com a sua esposa, a pesquisadora e artista plástica Íris Erica Koehler Assenburg Bigarella, a segunda organização ambientalista, sem fins lucrativos, de nosso país, a Associação de Defesa e Educação Ambiental.

Retornando à trajetória, no final da década de 1940, assumiu a direção da Divisão do Patrimônio Histórico e Cultural do Paraná e se tornou professor da UFPR, lecionando as disciplinas de Mineralogia e Petrologia. O geógrafo ocupou esta posição até o início da década de 1980, tendo sido o primeiro chefe do Departamento de Geologia, entre 1975 e 1976, e o editor das publicações de geociências de 1959 a 1968. Em 1990, foi homenageado com a titulação de Professor Emérito pela UFPR. Alguns anos após a sua aposentadoria desta instituição, virou professor visitante da Universidade Federal de Santa Catarina, cargo que exerceu até o seu falecimento, ocorrido no dia 5 de maio de 2016, na cidade de Curitiba.

Dentre as inúmeras honrarias outorgadas ao Prof. Bigarella estão a condecoração com a Ordem Nacional do Mérito Científico, com o grau de Comendador em junho de 1995, e, em julho de 2000, com o grau de Grã-Cruz; o prêmio Heleno Fragoso pelos Direitos Humanos, recebido em 1991; o título de Cidadão Benemérito do Paraná, concedido no ano de 1997; e, também, a medalha de ouro José Bonifácio de Andrada e Silva, conferida pela Sociedade Brasileira de Geologia no mês de setembro de 1966. Ademais, há a Fundação João José Bigarella, fundada em 1988 e ativa desde então.

Em relação às reuniões anuais, em solo curitibano, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Bigarella participou de três: foi membro do comitê de recepção da 2ª Reunião Anual e, nas Reuniões Anuais 14ª e 23ª, apenas apresentou conferências.

Crédito das imagens utilizadas no Totem (de cima para baixo):

FRENTE

1. Foto de João José Bigarella, sem data (Acervo SUCOM)

2. Grupo de pessoas na estrada a caminho da IV Reunião Anual da SBPC em Porto Alegre (RS), em 1952: Maria de Lourdes Zanardini de Camargo; Tagea Kristina Simon Björnberg; Hans Jacob Reissner; Newton Freire-Maia; João José Bigarella; Hans Beurlen; motorista (Acervo Digital SBPC).

3. Primeira página do artigo “Contribuição à Geologia da região Sul da Série Açungui (Estado do Paraná”, de autoria de João José Bigarella e Riad Salamuni, publicado em Geologia, n. 29, 1958, p. 3.

 

VERSO

4. Foto de João José Bigarella, sem data (Acervo SUCOM).

5. Capa do livro Ambientes Fluviais, de autoria de Kenitiro Suguio e João José Bigarella, publicado em 1991 em cooedição pela Editora da UFSC e da UFPR.

6. Foto do Edifício Prof. João José Bigarella (Acervo SUCOM).

7. Foto da Inauguração do Edifício Prof. João José Bigarella, em 2013. No centro, o homenageado e o Reitor Zaki Akel Sobrinho (Acervo SUCOM).

8. Primeira página do artigo “Parabolic dune behavior under effective storm Wind conditions”, publicado por João José Bigarella em Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 1., n, 1, 2000, p. 1.